Segundo o dicionário Aurélio, música é: s.f. Arte de combinar os sons./ Realização prática dessa arte. Segundo o mesmo dicionário, rock é: s. m. Batida e ritmos fortes, geralmente com guitarras elétricas e bateria.
Segundo o Selo Sem Sê-lo, música é: s.f. uma forma de arte que se expressa através de sons, que só se completa com audição. Segundo o mesmo selo, rock é: s.m. um estilo musical que diferencia dos demais por estar fundamentado nas múltiplas formas de contestação, sendo capaz de promover, naturalmente, a coletividade.
Depois de quatro anos no olho do furacão, resolvemos abrir o dicionário pra ver se nossas definições do que é música/rock estavam certas. E pra nossa surpresa e alegria nossas definições não são compatíveis com a oficial, ou seja, somos rock. Entretanto, para nossa tristeza, percebemos (sacamos) que a versão oficial vem se “oficializando”, mais ou menos, de um ano pra cá no nosso cenário.
A coisa está estagnada, sim, não avança nem retroage, não caga e não sai da moita. O que era pra ser uma proposta, não foi sequer levado em consideração, não houve ao menos contestação (não pessoalmente). Os eventos do Selo se tornaram um fim em si mesmo, não houve continuidade, não houve expansão. Os eventos se tornaram uma prática de pequenos interesses, onde nós, Selo, nos tornamos meros intermediários dessa prática.
E isso nos decepciona terrivelmente, porque estamos indo contra nosso próprio nome, a questão é não ser agenciador de nada, a questão é não arcar com a coisa toda, era pra sermos apenas um elo de convergência entre indivíduos que, supostamente, elegeram o rock como forma de expressão, seja como público, coletivo ou músico. A partir daí a coisa deveria fluir naturalmente, o Selo já deveria ter sido extinto, acreditávamos que em quase meia década os “envolvidos” já deveriam ter tomado as rédeas da situação.
Resumindo, estamos mastigando borracha.
Não somos uma agência, não somos produtores, não somos o Campus 6 e não somos comerciantes. Há quem diga que nosso trabalho é pequeno e até irresponsável em certo ponto (não fazemos divulgação adequada, não pagamos cachê, nossa aparelhagem é furreca etc.). Mas peralá! Alguém já parou pra pensar que não ganhamos um puto com o que fazemos? Alguém já avaliou que se fazemos isso é porque queremos ver a coisa acontecer, porque Mogi não tem porra nenhuma? Alguém já refletiu que estamos dando a cara a tapa? E quem somos nós? Não somos banda, não somos donos do Campus 6 (ainda que muitos otários daqui pensam que ganhamos alguma coisa). Aliás, o espaço aberto é um quebra-galho (pra nós), o bar nunca dependeu dos eventos do Selo.
Sempre tivemos uma noção definida da coisa, e dentro dessa noção se inclui a aversão à estagnação que está no ar de Mogi, esse ranço da acomodação e do “deixa que eu deixo”, do “vai indo que eu não vou” ou “eu não faço porque ninguém faz”. Como contestadores que somos, percebemos que é hora de migrar pra outras formas de expressão. Pra isso já demos um pontapé com o Contracine e vem aí um projeto editorial, uma rádio e algumas produções audiovisuais.
Durante o tempo em que estivemos em atividade fizemos um sem número de amigos, e foi nossa maior conquista (honestamente falando), vários foram os indivíduos e bandas que abraçaram a ideia, e é por eles que sentimos por essa pausa que iremos dar.
Nossa formação musical reflete muito no que somos e o que somos reflete na nossa referência do que é música. Damos esse “até logo” ao som de uma parte musical que nos constitui, uma música para além da mera execução:
http://www.youtube.com/watch?v=WgfnSn8A3lE
“Keeping our minds open
Cor we know were future bound
Together we must recognise the signs of our times
Together we must learn to read between the lines
Make your own programme
No bother become digital captive
You need some audio
So you must be active
Get into collective mode
Spirits become positive
You live de life you love
An you love the life you give
No-one is an island whether you like it or not
All inna di same boat which is about to be rocked
Warning light flashing synchronised like strobe
Cant do it alone you need to get into de collective mode
Do you spend too much time living inside your head
Worry too much about what the other man said
Need to pay heed to dis sonic reflection
Turn dis disconnection into interconnection
And get into de collective mode”
Asian Dub Foudation
5 comentários:
Certamente eu sentirei falta.
:/
umas 2 ou 3 vezes já fui questionado por pessoas muito próximas por que sempre as mesmas bandas tocam em eventos do bequadro e a resposta é tão simples e óbvia que nego se recusa em acreditar... o bequadro não é produtor de ninguém, não é agenciador de bandas, não é selo, não é nightclub, não é bar, não é porra nenhuma... o bequadro é apenas uma junção de 2 bandas que juntaram suas forças pra sair tocando por aí, conhecendo outros lugares e bandas pelo simples prazer (e tesão) de tocar... a grana que entra vai integralmente para as bandas convidadas e fotógrafos, nada fica conosco pois essa nunca foi a finalidade... por isso sabemos perfeitamente o perreio que o selo tá passando nesse momento de incertezas e reitero que o selo será sempre considerado um puta parceiro do bequadro, pois a gente sabe muito bem que quem merece nosso respeito é quem faz e não quem fala, e disso nossa "cena" está repleta... fará falta, muita falta...
Po como assim???
A gente vem tentando fazer algo pelo ABC também e ja trocamos umas idéias com o Elmo e o Eder e sabemos o quanto é dificil fazer algo coletivo. Não da pra enfiar na cabeça das pessoas que se elas não fizerem nada pra melhorar, ninguém vai fazer por elas.
Sinto falta e aguardarei o retorno, espero que em breve
Abraço
O fim (a pausa) do selo mostra a fragilidade da cena mogiana. Faz tempo que ela tem se tornado algo em prol do que alguns pensam sobre o que ela é. Não foi o selo quem falhou, foi a "cena" que se perdeu. E não faz um ano, faz tempo. O Selo deu um upgrade para as bandas da cidade, deu espaço. E isso falta. O problema é a maneira como o espaço (não o físico) foi utlizado. No fim das contas talvez ela tenha se tornado quase que propriedade de uns quando deveria ser opção de todos.
Infelizmente estamos em um meio onde a qualidade do som de cada banda, às vezes, é medida através da qualidade de seus membros. Não é necessariamente das bandas que alguns gostam, mas sim das pessoas que nelas tocam ou das influências que estes grupos têm.
A verdade é que parte do que está acontecendo hoje é fruto do que sempre ocorreu.
Mogi tem muita banda boa e tantas outras ruins. O que não importa. O mesmo esforço que as boas tem para compor, também o tem as ruins.
Ver o selo parar é bem triste. Me lembro da idéia nascendo na casa dos caras lá no bosque ainda nos tempos do babas e do buchada.
O lado bom dela era não ganhar em cima das bandas, o que foi alcançado graças a alá.
---------------------------------
Quero deixar claro que o que digo aqui é opinião minha e não da Colettive, da cris, do rogério ou do leandro.
---------------------------------
Respeito todas as bandas de Mogi e gosto de um bocado delas; agradeço ao esforço do selo por todos nós.
Sentiremos falta.
---------------------------------
Por fim, não sei se seria o certo dar essa pausa. Vocês deveriam ser um selo, só que sem sê-lo!!!
Concordo com o Willian e concordo com o post.
Espero que seja uma pausa. E espero que todos nós encaremos isso para refletir o que se tem feito, agilizado, valorizado. E não se pode parar. O barulho não pode parar. Seja ele musical, cênico, cinema, dança, literário... bora fazer as coisas.
Postar um comentário